Inovação para Pequenos Negócios

Inovação para Pequenos Negócios

18 de Maio, 2021 0 Por Eliane Zanluchi

A inovação, especialmente a consciente e incremental, são alternativas acessíveis e transformadoras para os pequenos negócios que buscam oportunidades.

Assim, líderes e pequenos empreendedores têm mais oportunidades e crescimento ao inovar de forma humanizada e buscando melhorias.

E para entender como isso pode acontecer de forma mais simples, reuni algumas reflexões sobre os diversos mitos relacionados a inovar em pequenos negócios. Bem como, caminhos para fazer a inovação acontecer, num passo a passo.

Os mitos da inovação para “os pequenos”

O primeiro mito é o de que a inovação é mais apropriada para grandes empresas. Preferencialmente, bem capitalizadas.

Mas eu trago uma reflexão que contrapõe esta falsa afirmação:

  1. As grandes empresas normalmente possuem mais disponibilidade de recursos para investir em inovação. Porém, todas elas já foram pequenos negócios que cresceram. E boa parte, devido ao fato de terem ousado inovar, mesmo quando ainda eram pouco expressivas.

Você quer ver exemplos? As startups, a garagem do Steve Jobs, o pequeno escritório cheio de ratos de Walt Disney (que vieram inspirar o ratinho Mickey Mouse).

  1. Por outro lado, é muito mais difícil inovar ou até mudar o rumo de uma grande embarcação. Ou seja: de um negócio grande e complexo. O Titanic é um caso que ilustra bem essa dificuldade.

O que o Titanic nos ensina sobre inovação para pequenos negócios?

© Titanic / James Cameron

Foi muito difícil para o lendário Titanic mudar os graus de direção do seu leme, necessários para ele não colidir com o iceberg.

Ele precisava desviar de um cenário totalmente novo que surgiu, mas acabou não conseguindo a tempo, devido ao seu tamanho. E foi vencido. Ou melhor: ele afundou!

E aí está a grande vantagem para os pequenos: poderem ser mais leves e ágeis.

Assim, mudar as estratégias dos negócios e inovar (que é o que o mercado está exigindo hoje mais do que nunca) parece ser um pouco mais fácil em pequenos barcos, que flutuam com mais agilidade para a mudança de rumo.

“É na crise que se percebe quem está nadando sem roupas.”

Para aprofundar nossa reflexão, trago esta frase do famoso Warren Buffett.

Em se tratando de empresas que não se prepararam, muitas estão nuas, sim.

Isso, muitas vezes, porque não surfaram a onda da transformação digital, dos novos modelos de negócios e da humanização. Pois, o uso desses recursos poderia estar lhes permitindo passar por essa crise de uma forma segura, confiante e muito mais adaptada diante das mudanças.

Do medo à paralisia.

Porém, os agravantes não param por aí:

– As pequenas empresas e pequenos empreendedores estão descapitalizados. E têm medo de “quebrar” se apostarem em mudanças que requerem algum tipo de investimento. 

– Muitas vezes eles querem e precisam mudar, no entanto são diversos acontecimentos diários e emoções (angústias, medos) que não sabem nem mesmo por onde começar. E, como resultado, temos a desmotivação e até a paralisia.

-Pequenos empreendedores podem não se sentir criativos, aptos a mudanças.

-E também sentem que não tem uma alternativa, um caminho seguro para inovar.

Se você se identificou, eu vou te dar justificativas e uma direção para você começar o processo de inovação, já. Mais especificamente, de inovação consciente e incremental.

Mas antes, vamos ver os estudos que analisam a história das pequenas empresas que vêm inovando e colhendo bons frutos no Brasil.

Pequenos negócios tiveram um excelente resultado com a prática da inovação.

No Brasil, o Sebrae faz um excelente trabalho com as pequenas empresas. Todos sabem.

Em um de seus programas – ALI (Projeto Agente Local de Inovação) – o Sebrae juntamente às empresas que auxiliou tiveram um excelente resultado com a prática da inovação.

Segundo pesquisa divulgada pelo Sebrae, desde 2010 o ALI já atendeu 5.591 empresas em todo o Brasil.

67% dos empresários destes pequenos negócios trouxeram melhorias inovadoras a seus produtos ou serviços após participar do projeto.

E, destes todos, um total de:

> 45,2% conseguiram alcançar crescimento no lucro mensal.

> 46,2% obtiveram um faturamento de até 40% a mais.

Estes números são um incentivo e tanto para quem deseja reinventar seu negócio, não é mesmo?

Agora, conheça mais uma grande inspiração que preparei para despertar seu espírito inovador.

Da venda de bermudas a uma marca nacional reconhecida pelo Mundo.

A Reserva é uma das marcas nacionais que mais se destacam em termos de inovação.

Inclusive, ela é a única empresa brasileira que está no ranking das mais inovadoras do Mundo, publicada na renomada revista norte-americana Fast Company em 2019.

Vamos observar algumas razões que a levaram para esta conquista, uma vez que a  inovação parece estar em seu DNA. É uma verdadeira cultura de inovação que a envolve. E isso fica claro em suas atitudes de rotina e lançamentos:

1 – Em 2016 a marca criou o projeto social 1P5P.

Nele, a cada produto vendido na Reserva e Reserva Mini, cinco pratos de comida são doados a pessoas carentes. Já totalizando mais de 30 milhões de refeições doadas.

2 – Para o seu negócio, segundo a empresa, o foco não é a venda de roupas, mas sim as experiências proporcionadas.

Muito antes da pandemia, o cliente da marca já podia receber coleções em casa e provar com calma e conforto. O serviço se chama Em Casa. A intenção é melhorar sua vida, com mais tempo e bem-estar.

3 – Os funcionários da Reserva são escolhidos pela personalidade e alinhamento com os valores da empresa. Ou seja: a empresa tem um propósito claro, e busca pessoas que se conectem a ele.

A área que cuida das pessoas na empresa se chama “Fontes Humanas” e não “recursos”. Segundo o empreendedor do negócio Rony Meisler “As pessoas são fontes inesgotáveis de emoções, conhecimentos, saúde, etc. Não recursos para o negócio.”

Hoje são cerca de 2 mil fontes inesgotáveis no quadro de colaboradores da empresa.

4 – A Reserva se orgulha em “ser de verdade” e usar a hashtag #humanwear.

O fato é que ela não se preocupa com tendências, mas sim com pessoas se vestindo a sua maneira. Da mesma forma, refletem isso na sua comunicação e procuram ao máximo dar voz e imagem a pessoas da vida real.

É sobre melhorar a vida das pessoas

Fica claro, portanto, a inovação consciente presente na postura e nos processos da marca.

Afinal de contas, inovação não é apenas sobre criar um novo produto, mas também e, principalmente, um conjunto de atitudes e posturas que representem algo novo na vida das pessoas.

OS 3 erros clássicos e a “reinvenção da roda”.

E quais são os 3 erros clássicos que dificultam a inovação nos pequenos negócios, ou que tornam a sua aplicação um equívoco?

1 – Falta de curiosidade e ousadia para sair da rotina.

Em primeiro lugar, o erro está em não observar o que acontece no mercado. Muitas vezes, por falta de uma pesquisa inicial ou um olhar mais curioso e instigante do empreendedor, a empresa aposta suas fichas em algo que não é nada inovador e não lhe agrega diferencial algum.

2 – Paralisar frente ao universo de más notícias e pessimismo.

Perder o controle das emoções frente aos fatos e paralisar é o que mais vem tirando as empresas, especialmente as pequenas, da possibilidade de ação e inovação.

3 – Acreditar que toda a inovação precisa ser disruptiva e cara.

Especialmente para os pequenos negócios, inovações incrementais podem ser muito efetivas. E também muito menos dispendiosas e arriscadas que as disruptivas.

Vamos entender então diferença entre elas:

– a inovação incremental traz melhorias substanciais ao produto ou serviço.

– a inovação disruptiva deixa para traz produtos ou serviços e oferece algo inédito. Isso acontece quando o novo produto é tão melhor, e o impacto é tão grande, que as pessoas não veem vantagem e não compram mais o produto anterior.

Apesar de muito mais impactante, a busca pela disruptiva não pode ser razão para a inovação incremental não acontecer.

Em outras palavras:

Muitos empreendedores paralisam, pois acreditam que terão que “reinventar a roda”.

Gente! Ela já foi inventada em sua funcionalidade principal. O que mudou foi o que a circunda, ou seja: o processo de desenvolvimento, os locais onde ela é aplicada, os materiais usados, as atribuições dadas, etc.

Para esclarecer, o produto ou serviço em si podem permanecer praticamente intactos, e o que pode mudar são produção, logística, comunicação, etc. E aí, nestes pontos podem estar as inovações incrementais.

Sou pequeno: como posso inovar de fato?

Vou trazer um passo a passo, baseado no Wake Be Make, o método que criei inspirado no Design Thinking, Teoria U e Inovação consciente, de como praticar a inovação em pequenos negócios

1 – Observe quais emoções podem estar prejudicando a inovação de acontecer.

Não brigar com o que não podemos mudar e focar no que precisamos melhorar para ter mais valor junto ao nosso cliente é a regra número 1.

Abra mão do incontrolável (como a crise, por exemplo) e se debruce no que você realmente tem controle para mudar: o seu próprio negócio.

2 – Busque informações de mercado: elas te tornarão menos ingênuo e mais criativo.

3 – Filtre ao máximo e identifique quais oportunidades devem ser abraçadas por você.

Aqui, menos é mais: quanto menos oportunidades quiser abraçar por vez, mais foco e mais resultado terá.

4 – Novos parceiros são o grande “salto quântico” do momento. Reunir esforços e expertises de diversas áreas e levar para o mercado novidades integradas vem sendo muito assertivo, minimizando custos de inovação.

5 – Valorize demais sua equipe e perceba que ela é sua maior fonte de informações e relação com o cliente. Grande parte da criatividade do seu negócio passa por ela e pode ser a grande solução que você está buscando.

6 – Tenha claro seu propósito. Um negócio sem um propósito tende a não ser inovador. Isso por que tenderá a não ter aderência e a não construir um legado e um sentido impactante e concreto na vida das pessoas.

Seu propósito será um grande impulsionador do diferencial do seu produto quando reforçado, lá na ponta.

7 – Identifique o que você pode fazer de único junto ao que envolve seu produto ou empresa. E isso vale para qualquer área: desde o desenvolvimento, marketing, formação e treinamentos internos, logística, entrega, etc.

8 – Prototipe tudo o que criar antes de lançar. Essa é uma ação de segurança que pode evitar investimentos errôneos antes do lançamento.

9 – Comunique-se de forma próxima e verdadeira. Esta é a forma mais eficaz de ser único na vida de quem vai consumir o que você oferece.

Pra onde esse meu pequeno barco pode me levar?

A inovação é resultado do pensamento criativo e focado em pessoas, método e diferencial.

Portanto, se você refletir e praticar o que aprendemos até aqui, seguramente a criatividade e inovação se tornarão cultura no seu negócio e te levarão para resultados jamais alcançados antes.

E isso não tem nada a ver com o tamanho do seu negócio.

Olha o tamanho do barco que levou Amir Klink a suas tantas façanhas?

O tamanho das startups que se tornam unicórnios bilionários?

Então acredite no seu potencial, e não tenha limites nesse mundo.

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Texto: Inovação para Pequenos Negócios: como colocar em prática

Autora: Eliane Zanluchi